Os mais velhos ainda nos lembramos de como era a celebração da Páscoa há 40 ou 50 anos. A importância desta celebração central da Fé cristã incidia, por um lado, na Semana Santa (contemplação da Paixão e Morte de Jesus, com um flash da missa da Ceia do Senhor, que muitos ainda agora dizem simplesmente do Lava-pés). Depois, só na manhã do Domingo de Páscoa se sentia, propriamente, a atmosfera Pascal. Os costumes eram muito variados, mas, por exemplo, na minha terra, afanávamo-nos na noite de Sábado para Domingo a fazer aquilo que, por assimilação, também chamávamos de “presépio”. Era o presépio da Páscoa, mas não era mais do que um altar engalanado de branco onde Jesus Eucaristia ficava exposto enquanto, na procissão da aurora da ressurreição, se cantava o primeiro aleluia!.
Vigília Pascal? Nada se sabia dela. Também a celebração da Festa da Páscoa da Ressurreição de Jesus é fruto da redescoberta que a Igreja fez de si e das suas celebrações no Concílio Vaticano II. E bem depressa isso aconteceu. Não foi por acaso que a constituição sobre a Liturgia foi o primeiro documento a ser aprovado pelo concílio.
Reaparece, então, na nossa Liturgia o que nos tempos primitivos era tradição viva: a beleza e a profundidade da celebração da Vigília Pascal como centro e mãe de todas as liturgias. Naquela noite celebramos a totalidade dos sacramentos radicados no Baptismo, na Eucaristia, no Crisma e na Palavra.
É esta a noite verdadeiramente baptismal. Só nesta hora se baptizavam os cristãos do princípio, cientes de que baptizar-se é morrer e ressuscitar com Jesus Cristo.
É por isso que, quem já descobriu coisas tão simples como estas, sofre quando vê os seus irmãos e irmãs de comunidade partirem para outras paragens quando era a hora de, mais do que nunca, “num só coração e numa só alma” perseverar na oração com a sua Comunidade!
A liturgia já se renovou, mas a consciência das pessoas cristãs ainda não chegou a esta lucidez. Que o Espírito Criador de Jesus nos ilumine e nos congregue!Pe. Zé Luzia